quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Turma da Mata - Muralha


A Graphic MSP tem sido o grande destaque dos quadrinhos nacionais desde que criou vida, em 2012, com Astronauta - Magnetar. E com esta primeira publicação já tivemos um otimista vislumbre do que se trataria este selo: ambiciosas releituras dos clássicos personagens da Turma da Mônica e cia. E - apesar de eu ter minhas reservas quanto à Magnetar - o nível de qualidade esperado foi atingido em grande parte destas publicações até o momento.

E a Turma da Mata possuía tanto potencial quanto as outras turmas e personagens do Maurício; mas pela conjugação acima, já dei a entender que este potencial não foi explorado como deveria, não é? Então vamos lá.


A releitura
Em Turma da Mata - Muralha, Jotalhão e seus amigos são colocados em um cenário de fantasia com pegada steampunk, onde a tecnologia deu um grande salto com a descoberta do calerium, um mineral que esquenta quando submergido. Assim, com as máquinas à vapor e monopólio da única mina de calerium, o reino de Leonino I se torna a grande potência da época. Mas o poder sob à cabeça do regente, que se torna tirano, escravizando e marginalizando aqueles que se recusam a aceitá-lo; e estes, liderados pelo lendário guerreiro Elefante Verde, formam a Turma da Mata!

Muralha traz os bons elementos da Turma da Mata original, na essência de seus personagens e no toque político, que sempre foi um diferencial. E dá um salto além, criando um universo completamente novo e instigante para servir de lar da Turma.


Os pontos negativos
E logo após o novo universo estabelecido, começam os problemas. A Graphic traz sim algo de novo, mas o faz somente de maneira superficial.

Temos um cenário político interessante, mas comum. O que não seria um problema se não fosse tão pouco aprofundado, servindo estritamente pro significado mais raso do termo: a paisagem de fundo onde ocorrem as aventuras.

Os personagens foram construídos de forma competente, mas pouco escapam de seu conceito-base, e não são desenvolvidas nem apresentadas facetas diferentes, mais interessantes, ou mesmo verdadeiramente conflitantes. A relação entre eles acaba rasa, simplória.

O foco na aventura tornou todos os outros aspectos da Graphic menores. É uma incrível revisão dos personagens, num mundo de fantasia, com um bela arte. Mas os elementos da história são mostrados de uma mesma forma: nos entregam tudo pronto.

O que quero dizer com isso é que, os elementos que poderiam ser os mais interessantes da HQ, o plot do reino corrupto e os conflitos entre os personagens, já nos são entregues tão encaminhados, à beira da solução, que não há sensação alguma de desenvolvimento.


A exemplo, a instigante trama do rei tirano se limita ao prelúdio, pois Leonino II não mais agia como seu pai; e a conturbada relação entre Coelho Caolho e Jotalhão se resolve de maneira tão simples que fica a impressão de que Caolho estava só fazendo manha, pra deixar claro pro amigo que ele ficou com raivinha de suas ações... de uns vinte atrás.

E apesar de ter parecido, não culpo a aventura. Ingá e Vida também tiveram uma intenção bem parecida com Muralha, de recontar um dos universos do Maurício com uma aventura de fantasia. E o fizeram muito bem, pois a dosagem de aventura e trama - o plot, a construção e utilização dos personagens e suas relações, os conflitos - foi quase perfeita, ou mesmo perfeita, pro caso de Ingá. Já aqui, aventura é o único elemento que tem espaço bem aproveitado, e todo o resto recebe pequenas pinceladas de importância. Talvez por conta da tentativa de desenvolver tantas relações entre personagens, em tão poucas páginas.

Mesmo na parte técnica, há algumas escolhas fracas narrativamente. Como o Lendário Guerreiro Elefante Verde, que se resume no prólogo a repetitivos olhares raivosos.

Depois da segunda vez eu já tinha entendido que ele tava puto... mas teve a terceira.

Ou em uma sequência posterior de três páginas, onde cada uma retrata um momento diferente - mas próximos - sem nenhuma transição, e a única quebra fica sendo o virar da página. Até ler o balão ou mesmo os quadros seguintes, não se sabe em que ponto do tempo em relação à página anterior se encontra a nova cena. E isto acontece mais de uma vez durante a HQ.

São detalhes, sim, mas que machucam bastante o ritmo da leitura.


Concluindo...
Turma da Mata - Muralha inova, dando o conhecido passo além das Graphic MSP, mas numa escala ainda maior que seus antecessores, ao não somente tomar uma abordagem mais realista e/ou séria e aventuresca, e sim reinventar completamente o conceito da Turma da Mata, sem abandonar as características que tornam as histórias originais tão interessantes.

Infelizmente, o roteiro não foi competente o suficiente para dar vida a esta abordagem usufruindo de todo o potencial que ela possuía, nos dando assim um trabalho até frustrante, por conta do tanto que era esperado dele a partir das previews.

E se posso deixar um adendo, por mais que eu tenha as adorado e não consiga imaginar como fazer um reinvenção mais interessante destes personagens - visual e conceitualmente - sou obrigado a admitir que esta arte do Greg Tocchini (artista que inicialmente daria vida a esta HQ) me faz desejar ver o quão mais incrível seria a parte artística de Muralha não tivesse ele saído do projeto. 



Inclusive esta imagem daria uma capa/pôster/quadro/qualquercoisa MUITO FODA!

quarta-feira, 24 de junho de 2015

LEIÃO #1: The Superior Foes of Spider-man


Pois é, o Resma voltou. Depois de um sumiço gigantesco.

Dizem por aí que foi por preguiça, que os escritores são vagabundos, não são dedicados, que tem tempo livre mas não o utilizam da maneira apropriada, e porque tiveram seus diversos problemas pessoais que nem de longe os impede de escrever mas que eles usam de desculpa assim mesmo, e que inventam depressões e mal-estares no exato instante que iriam começar a escrever somente para justificar um ao outro a ausência de textos, com sorrisos amarelos amigáveis enquanto prometem retornar a qualquer momento com mirabolantes escritos maravilhosos pois escrever ajuda-os a se livrar do estresse dos problemas mesmo que ambos tenham vidas acadêmicas, profissionais, amorosas, sociais e familiares estáveis que nem de longe justificam qualquer tipo de reclusão e afastamento de suas responsabilidades.

É o que dizem. Tudo recalque, claro.


Mas o que interessa é o retorno! E voltamos (ou melhor: eu voltei. Junqueira continua preguiçoso) com uma nova seção de indicação de leituras!

Quem sabe um dia uma de filmes/séries/desenhos chamada ASSISTÃO e uma de jogos chamada JOGÃO...

Hm, trabalharei nesses nomes.

Mas a indicação de hoje é... Os Inimigos Superiores do Homem Aranha!


Homem Aranha e a linha Superior de revistas
Homem-aranha Superior foi aquela fase onde o Doutor Octopus era o Peter e o Peter era um fantasma. O que acabou se mostrando até uma fase bacanuda na história do herói.

Outras consequências à parte, Superior pariu três novas séries: Superior Spider-man Team Up, Superior Carnage e Superior Foes of Spider-man. A primeira traz o interessante formato de juntar o Aranha com outros heróis. Carnificina Superior eu não li e não tenho muita vontade de fazê-lo por medo desta ser um resquício dos anos 90, e soe mesmo que de leve com algo tipo Carnificina Total.

E pensar que na época que li, achei essa mini-série maravilhosa. Ah, crianças...

E, por fim, Os Inimigos Superiores do Homem-Aranha traz a premissa mais interessante: um grupo de vilões liderado pelo Bumerangue decide formar o novo Sexteto Sinistro e comandar a cidade. Parece algo bem simples, e nenhuma novidade abordar os super-vilões em suas atividades criminosas. E realmente é uma história sem pretensões. E foi isso que a fez uma das coisas mais legais que li em questão de super-heróis nos últimos anos.


Os Inimigos Superiores do Homem-Aranha Superior  


Fred Myers sempre foi e sempre será um vilão qualquer. Um perdedor com um bumerangue na testa e roupa ridícula. Mas ele é um inútil que pensa grande! Assim, Fred contrata Shocker, Overdrive, Speed Demon (Corisco) e a nova Beetle (Besouro) para formar um novíssimo e incrível Sexteto Sinistro. Sim, somente com cinco membros. A partir daí, e seguindo ordens de grandes nomes que comandam o crime da cidade, como Cabeça de Martelo e Camaleão, o Sexteto começa sua saga em busca da lendária cabeça do criminoso Cabelo de Prata, supostamente a única parte restante de seu corpo e que garantiria a seu possuidor a liderança da organização criminosa Maggia. Mas com um grupo tão desleal e covarde, será que esta missão é possível?

Superior Foes toma a dianteira em originalidade quando decide abandonar a abordagem mais séria que atingia boa parte dos títulos da Marvel NOW!. Sem pretensões de realizar grandes mudanças no universo da editora ou sequer interagir de forma relevante com os acontecimentos que o mesmo passava na época, a série se utiliza de personagens menores e/ou que somente atuam no submundo do crime para ganhar a liberdade de... bem, fazer o que der vontade.

A HQ nos é narrada por Fred Myers, o Bumerangue, que conta a trajetória de seu novo time, entre sucessos e derrotas, num tom suspeito e na cronologia que lhe é conveniente. O humor é uma constante, seja por conta da narração de Myers, seja pelos acontecimentos em si, seja pela abordagem dada aos personagens, onde nem mesmo vilões de grande nome do Aranha, como Cabeça de Martelo, escapam de serem mostrados como pessoas normais, portanto muitas vezes psicologicamente instáveis e de hábitos esquisitos.

Nisto os protagonistas também tomam parte. Ainda que eu não tenha lido muito desses personagens em suas aparições originais, a HQ deixa claro como a maioria deles sempre foi vista como criminosos de segunda categoria. E esta série os traz com novas facetas, como por exemplo um Bumerangue inteligente e sagaz, um Shocker que apesar de covarde é capaz de aplicar seus conhecimentos de física para além de meramente criar uma arma poderosa e apanhar do Cabeça de Teia pelo resto da vida, e da Besouro como líder. Assim como seus defeitos que na maioria das vezes se sobrepõem às qualidades.

Desse modo, a aventura dos cinco passa por diversos plot twists, onde os planos maléficos possuem diversas camadas e são capazes de nos surpreender, personagem icônicos como Victor Von Doom nos fazem rir, e personagens famosos mas sem espaço nessa época de grandes sagas podem ter uma participação efetiva.

Até parece que eu sabia qualquer coisa sobre o Coruja até essa HQ.

Felizmente também, esta é uma série que faz questão de se manter atualizada para criar uma identificação maior com o leitor, e isto vai desde o que a Besouro acessa no celular, quanto às dezenas de referências nas piadas. O humor visual também é excelente e torna a leitura mais leve - e alguns capítulos precisam disso, dado ao grande número de narrações e diálogos.


Pare de enrolar e chegue ao ponto, maldito. 
Ok, ok.

O que posso concluir aqui é me repetindo ao que disse no começo: é uma das coisas mais divertidas dos últimos anos em termos de super heróis.

Porque, não sei vocês, mas as grandes sagas me cansam. Os reboots e recomeços e retcons e etc cansam. Mas uma HQ divertida, de leitura fluída, com arte competente, mas sem deixar de lado um bom enredo de super-heróis é bem vinda sempre.

SEMPRE!

E é isso que você irá encontrar nesses 17 capítulos de Superior Foes. Mentira, tem dois capítulos ali pelo meio do caminho que nem sei porque existem, e claramente foram algo feito à parte pois nem ao menos acompanham o que o enredo trazia até ali. Mas enfim, 15 ótimos volumes de meras vinte páginas cada que deixam saudade. Você vai simpatizar com os protagonistas, vai rir deles e com eles, e vai poder um dia ser zuado por falar que curte aleatórios como Bumerangue ou Corisco.

Por sinal, é altamente recomendável para quem não costuma ler mais HQs ou nunca as leu. Não exige conhecimento prévio nenhum, apresenta todos os personagens para os leitores novatos e... pela milésima vez, meu deus como é legal!

Me lembra o saudoso tempo da Liga da Justiça Internacional! Melhor coisa que a DC já fez!

Eu estou certo sobre isso e discussão não há!

Abraço! e bem vindos de volta ao Resma.


Título: Os Inimigos Superiores do Homem-Aranha (The Superior Foes)
Roteirista: Nick Spencer
Artista: Steve Lieber
Número de edições: 17
Onde: Leitura online (inglês) - hellocomic.com; download das 6 primeiras edições (português) - hqonline.com.br; ou compre A Teia do Aranha Superior pela Panini. Não seja como eu.
Nota (de 1 a 500 folhas): 495 folh... não, peraí, desde quando a gente tem sistema de nota?



Marvel AGORA!


Ah, a Marvel. Casa de grandes heróis, como Homem-Aranha, os X-men, o Quarteto Fantástico, a Garota Esquilo...

Sim, a Garota Esquilo. Uma das maiores heroínas da Marvel. Conta vitórias sobre Wolverine, MODOK e ninguém menos que Thanos. Quem dera eu no terceiro filme dos Vingadores fosse ela a derrotá-lo.

Por sinal, o Doutor Destino morre de medo dela, depois da derrota humilhante que sofreu no passado. Pois é, pois é.

Enquanto eu e você não derrotaríamos nem o Sanguessuga. Então respeitem a Garota Esquilo, por favor.

Temei.

Enfim, o último grande evento da Marvel no Brasil foi Vingadores VS X-men, que se me permitem o palavreado, é uma merda. Tá, não li a saga completa, mas até onde li estava tão retardada que realmente não faço muito questão de fazê-lo. O que importa é que passada esta bomba, veio a nova fase da editora, a histérica Marvel NOW!. Como é de costume, a fase dá prosseguimento ao universo Marvel mostrando as consequências do grande último evento enquanto dá um restart meramente no número das edições das revistas, pra marcar o novo início, com nova abordagem sobre os personagens e coisa e tal e tal e coisa.

Antes isso que aquele reboot da DC. Céus, que ideia de bosta.

Mas então, besta que sou, resolvi acompanhar a nova fase. Melhor dizendo, meu pai que decidiu, mas não posso chamá-lo de besta, então fica assim mesmo. Ingenuidade nossa confiar novamente em lançamentos mensais de super-heróis, eu diria. Talvez seja porque ele acompanha algumas revistas dos Novos 52 da DC - o reboot imbecil - e tá curtindo, resolveu extender a confiança à Marvel.

Assim sendo, estamos com assinatura das revistas Homem-Aranha Superior, Wolverine, X-Men, Os Vingadores, Capitão América & Gavião Arqueiro e Homem de Ferro & Thor. Li algumas poucas edições de cada e darei minhas primeiras impressões.

Homem-Aranha Superior e Homem-Aranha Vingador.


As edições de Homem-Aranha Superior trarão as histórias das revistas americanas Superior Spider-man e Avenging Spider-man. Não faço ideia do que diabos o Peter tá se vingando na segunda revista, mas sinceramente também não ligo. Depois de lê-la eu acredito que seja a Marvel se vingando de mim; só não sei que crime tão terrível eu cometi pra merecer ler isso. Devo ter matado a mãe do Stan Lee e não tou sabendo.

Bem, pra quem não faz ideia, o atual Homem-Aranha é na verdade o Dr. Otto Octavius, vulgo Octopus, no corpo do Peter. A mente do Otto, no corpo do Peter, enquanto a mente do Peter foi pro corpo do Octopus, que tinha algumas horas de vida somente, perguntou se no céu tinha mosca e morreu. Adeus, Pedrinho.

Mataram o Peter no universo Ultimate e no regular também. Como se o coitado já não fosse o herói que mais se fode na história dos quadrinhos mundiais. Talvez ele que tenha matado a mãe de alguém, sei lá.

E o novo Homem-Aranha, portanto, com seu ego inflado de super-vilão se considera superior ao Peter em tudo. Pra começar, ele usa seu intelecto pra modificar seu equipamento, garantindo-lhe lentes melhores, garras, robôs-aranha para vigiar a cidade e coisas afins. Sim, o Octopus acaba se tornando realmente um herói. Apesar de métodos diferentes, e lutando contra um instinto que o faz impedir crimes e salvar inocentes mesmo quando não tem intenção, ele acaba decidindo ser não só um Peter melhor, mas um Homem-Aranha mais inteligente e preparado, e um Otto Octavius também melhor. Ser superior em todos os sentidos.

Essa intenção dessa fase do Aranha, mostrando Octopus percebendo o quão era medíocre como pessoa e vilão, acaba sendo sim uma abordagem bem interessante. E se de início é estragada pela chatíssima narração constante do Octopus, ainda mais com seu dialeto brega de super vilão, com o tempo isto é amenizado e temos um herói com personalidade interessante. Outros momentos pioram a situação quando temos Oquinho descobrindo novamente o que é ter uma ereção ao ver a Mary Jane e decidindo reconquistá-la (é, ela e Peter estavam separados; só não sei se dessa vez foi por pacto com o Diabo ou se alguém era clone de alguma coisa). E as situações poderiam ser menos bizarras não fosse a participação super especial do Peter Fantasma. Sim, a consciência do Peter ainda está viva de alguma maneira inexplicável e ele acompanha o Otto pra todo lado, fazendo comentários imbecis e manipulando suas vontades.

Peter, o empata-cópula.

Peter morreu, Otto Octavius está em seu corpo e isso ainda não é o pior de tudo. Só daí você tira o quão cagada começou essa nova fase.

Mais uma vez, felizmente, isso é contornado com o tempo e o Peter morre de vez. ALELUIA.

O arco então foca nos conflitos de Otto e em como ele muda completamente a imagem do herói cujo nome veste agora. Desde sua abordagem mais efetiva e também mais cruel, como ganhando desconfiança de seus companheiros Vingadores. Com altos e baixos, a história se perde em um ciclo do Superior derrotando vilões e sendo polêmico enquanto o faz, preparando algum Plano Especial Infalível Maligno, desprezando Mary Jane e etcs e tal... mas não se desenvolve muito. Duas edições foram gastas com o Homem-Aranha 2009 numa participação que não realmente contribui pra trama maior. Além do Escarlate também. E o Chacal fazendo um grande Plano Especial Infalível Maligno 2.

Por sinal, nas sombras de tudo, o Duende Verde prepara seu... Plano Especial Infalível Maligno 3.

Mas pra contrabalancear, a Charlie (quem?????) prepara seu Plano Especial Infalível DUBEM pra desmarcarar o Oquinho.

Uau, quanto vilanismo e estrategismo nessa HQ. Até me arrepio.

Então fica a espera por um desenvolvimento melhor ou conclusão deste arco. A premissa parece idiota de início, toma um rumo deveras interessante, e adiciona detalhes ao universo do Aranha que me soam como indispensáveis mesmo com a volta do Peter, antes de cair na mesmice e deixar a desejar, com a possível salvação estando já na próxima esquina, na forma da - afinal - aplicação de algum dos quatro planos infalíveis.

Só um aviso amigo: há cenas de Otto Octavius beijando a Mary Jane. Leia por sua própria conta e risco... E também mencionando que lembra todos os momentos de ternura (aham, sei) entre ela e Peter. O mesmo Otto que deu um trato na Tia May agora tem memórias de ter feito igual com a MJ. Então ele poderia imaginar perfeitamente como seria um menage com as duas.

DORME COM ESSA CENA!

Novíssimos X-men e Fabulosos X-men.


Após os eventos de Vingadores VS X-men, que eu não faço a menor ideia de quais foram, o grupo se dividiu. Wolverine lidera os X-men na escola Jean Grey Para Estudos Avançados (foda-se o Xavier, a Jean destruiu uns quatro sistema solares e morreu umas quinze vezes, merece a homenagem), mantendo a tradição, enquanto Ciclope decidiu tomar uma abordagem mais dura agora que as forças de autoridade humana estão tratando os mutantes de forma mis agressiva. Assim, Scott virou um líder revolucionário, portanto criminoso, enquanto seus antigos companheiros sentam a bunda em casa, dão aula, reclamam que o mundo tá uma bosta e nada fazem além de criticar o pobre Sr. Verões.

Pois é.

Com este cenário de fundo, temos a história com o Fera passando por sua trigésima quinta mutação secundária e concluindo que dessa vez vai: ele morre (e daí toca a laugh track no fundo). Decidido a não morrer sem deixar algo mais últil que pelos e pulgas no mundo, Hank volta para o passado em busca dos cinco X-men originais, tencionando trazê-los ao presente. Seu plano é fazer com que eles vejam a esbórnia que o mundo se tornou e, de volta ao seu tempo, cresçam tendo em mente que devem fugir de decisões que dariam naquela situação.

Por outro lado, o TERRÍVEL CRIMINOSO CICLOPE está fazendo algo de realmente útil na vida e encontrando os novos mutantes que surgem pelo mundo e oferecendo a eles proteção, ensinamentos e um lar. Seu time é composto por Emma Frost e Erik Lensherr, vulgo ex-mestre do magnetismo, Magneto. Sim, ex. Uma das consequências de VvsX foi a Força Fênix ter dominado o Scott e, sei lá como, escrotizado os poderes de Emma e Erik, além do seu próprio hospedeiro. Assim, Erik teve seus poderes enfraquecidos, Ciclope não tem controle das suas rajadas - digo, menos ainda do que sempre - e a Emma perdeu sua telepatia.

Enquanto o Fera vegeta em uma maca, a meio-caminho de se tornar alguma outra coisa selvagem e azul (se eles fossem espertos, o plot twist podia ser ele voltar à aparência humana), há o encontro entre o time do Ciclope e o time do Ciclope Cabaço.


E apesar de X-men ser sempre uma maluquice de viagens no tempo, finalmente fizeram bom uso delas. A discussão moral aqui acaba sendo válida não pelo mimimi aleatório da equipe do Wolverine, e sim por colocar de frente dois momentos extremos do Ciclope: adolescência e pureza, quando o próprio universo dos mutantes era bem preto e branco; e adulto, após diversas tragédias, já cansado de lutar de forma pacífica, confuso e procurando novas formas de ver o mundo. Além disso, temos a coitada da Jean despertando sua telepatia e tendo de conhecer um futuro onde não mais está viva através das memórias alheias.

É um conflito bem instigante, que promete algo de bom desde o início.

Com o passar das edições, os conflitos crescem e começam a dividir seus membros dentro dos próprios três grupos iniciais. E então começam as divisões que também sofrem alterações com o tempo.

É muito legal ver que realmente cada personagem teve sua personalidade e visão da situação respeitada, ao invés de dividir em dois grandes bolos seguindo seus líderes. Kitty Pride e Rachel Summers batendo de frente com seus colegas de time é lindo de se ver. Todos os lados sempre mostram argumentos coerentes e não há factualmente um lado correto.

As coisas complicam ainda mais quando um quarto grupo se mete na bagunça: os X-men do futuro.

Vindos de um alternativo futuro desastroso causado pela presença dos cinco originais no presente, eles pretendem convencê-los a voltar ao seu tempo original. Mas desde o início existe uma grande dúvida sobre se eles são quem deveriam ser.

...e daí descobre-se muito mais coisa e um segundo grupo do futuro chega. Pois é.

Tá, parece muito confuso. E eu sempre achei essas orgias de viagem no tempo dos X-men bastante cansativas e desnecessárias. Mas aqui esse artifício é usado com maestria. Os conflitos inseridos, o constante debate e os personagens novos são todos interessantes. E, vale notar, é um arco inteiro só de X-MEN VERSUS X-MEN. Putz, é genial. O combate maior é o moral e não o físico, mas óbvio que temos bastante porrada maneira entre os trocentos X-men.

Outro detalhe que mais me animou foi a escolha feita quanto aos X-men do futuro. Eles tem suas próprias versões de Wolverine, Fênix, Xorn (e cada uma surpreende, dando vontade de se poder acompanhar esse futuro em aventuras próprias); além de envelhecidos Fera, Homem de Gelo e outros. E algumas surpresas inesperadas.

Uma das melhores coisas que a Marvel está colocando nas nossas bancas no momento, vale cada centavo gasto.

As duas revistas que são compiladas nessas edições nacionais, apesar de estarem cronologicamente desconexas, se passam em um mesmo momento e possuem ligação. Provavelmente uma delas deveria começar a ser lida após edição número tal da outra, mas não chega a ser um problema grave.

Ah, esqueci de mencionar antes, mas excetuando Emma, Magneto e quatro mutantes novatos, o grupo do Ciclope conta com a ilustre presença de Illyana, a Magia.

COISINHA LINDA.

Sério, amo a Illyana. Sei lá porque. Talvez porque ela seja um absurdo aleatorio no meio dos mutantes. Não a conhece? Então, ela é uma mutante cujo poder é criar portais de teleporte, através do espaço e do tempo. Mas essas viagens ocorrem se atravessando o Limbo, ou seja, o inferno. E ela lidera esse inferno. Como uma poderosa feiticeira a quem os demônios temem. E ela possui uma armadura maneira e uma espada feita de sua alma. E quanto mais magia ela usa, mais forte a armadura e espada ficam, e mais próxima ela fica de se tornar um demônio.


Fora que ela é russa, só isso já basta.

Sei lá, eu amo todos os Novos Mutantes. Adorava a Karma e a Dani Moonstar também. Faz tempo que não as vejo nas HQs, devem permanecer em títulos menores mesmo que já estejam velhas o suficiente pra porrarem todos os X-men e os forçarem a lavar seus uniformes sujos de suor, sangue e saliva verde do Groxo.

Mas não sei porque eu ainda sonho que a Marvel (e a DC, também) vão progredir os universos...


Enfim, é isso. Eu pretendia falar da revista Wolverine também, mas entre análises, besteirois e devaneios com a irmã do Homem de Aço da Marvel, acabei tornando este texto gigantesco demais. Aguardem as próximas partes.

Aquele abraço!

Sobre Jogos Vorazes, Parte 2 - Em Chamas


Como vão vocês? Bem? E a família?

Porque estou falando com os leitores se não posso ouvi-los responder?

Não sei, minha mãe nunca me deixou ir no psicólogo.

Mas loucura mesmo é não assistir Em Chamas! (curtiram o gancho clichê?)

Então, já deve ter ficado claro que eu não sou um grande resenhista (resenhador?) de filmes. Ou de livros. Ou de qualquer coisa. Mas eu tenho sorte que o Adam é maluco o suficiente pra fazer parceria comigo, então trouxe a vocês mais um texto no mesmo nível do primeiro desta série, com comentários sobre porque você deveria ler/assistir tal coisa, ao invés de simplesmente escrever uma crítica séria sobre o produto em questão. Profissionalismo tá tão grande que deu a volta e tá lá no chão.


Voltemos ao primeiro filme, Jogos Vorazes. Na minha visão, existia uma grande dificuldade em adaptá-lo para cinema, pois o livro nos é narrado pela protagonista, que paralelamente a isto costuma não falar quase nada e passa boa parte da aventura sozinha. Assim, o que temos no filme é a Jen (somos íntimos, me deixa) caladinha sendo somente linda e atuando o quanto pode para expressar o que sente, precisa, pensa, acha, observa e todos os eteceteras afins. E, como deve ser óbvio, ela o faz muito bem. Infelizmente, um fator importantíssimo do livro é como a Katniss está presa à necessidade de fingir ser o que não é, especialmente ao lado do Peeta. E na obra escrita temos todo este conflito desenvolvido na narração da personagem, que traz seus pensamentos. No filme é exigir demais que a Jen consiga passar tanta coisa somente com seu rosto moldado divinamente.



Pode ser exigência febril de quem leu o livro primeiro e então espera coisas X e Y da adaptação cinematográfica, mas mesmo eu conhecendo tudo que a protagonista pensava, o filme quase me fez ficar em dúvida se nele ela realmente estava fingindo qualquer coisa ou se realmente estava embasbacada pelo rapazote anão Peeta.

A sequência, então, se salva desses problemas ao termos não só uma Katniss um pouco mais solta - verbal e fisicamente - pela proximidade que criou com vários dos personagens, como a participação de muitos novatos à trama, que trazem a dinâmica em grupo e, felizmente, tiram do longa a necessidade de se apoiar somente na Jen e sua magistral perfeição.

Eu sei que é clichê amá-la e idolatrá-la, mas é mais forte que eu.

O único grande problema do primeiro filme tendo sido abandonado, temos em Em Chamas uma jornada bastante divertida. O filme sabe muito bem se aproveitar do necessário em termos de plot em um espaço de tempo curto e suficiente, podendo se esbaldar daí em diante na ação dos... jogos. Sim, é bizarro que o segundo filme também possua os Jogos, dado à trama do primeiro, mas vou me estender nesse tópico quando for resenhar o livro (já pode chorar).

E digo espaço curto pois se no primeiro livro leva quase metade deste para que comecem os Jogos, no segundo leva-se mais da metade para que eles se iniciem. Então dá pra se ter ideia de como o foco não está neles, e sim no que acontece ao redor.

No mais, o filme está deveras bonito de se assistir, as cenas de ação empolgam bastante, as lutas possuem coreografias bonitas, os efeitos são satisfatórios e todas as atuações dos personagens de destaque são boas. Um pouco extravagantes, sim, pois à primeira vista os personagens parecem um tanto quanto apoiados demais em seus estereótipos, mas não chega a ser uma falha dos atores. O destaque mais uma vez fica com Stanley Tucci, no papel de Caesar Flickerman.

Se o mundo for justo, um dia eu possuirei tanto garbo e elegância assim.

Ainda que não sendo nenhum grande destaque para o ano todo, Em Chamas cumpre bem seu papel de meio de trilogia: desenvolve o necessário pro plot, entrega bem as reviravoltas e se conclui da melhor forma possível para aumentar a expectativa e fazê-lo sair do cinema desejando que a sequência tivesse sua estréia no dia seguinte. Pra quem não se animou muito com o primeiro filme da série - algo bastante compreensível - ainda existe uma chance de ser conquistado com este.

Agora resta-me ler o segundo e terceiro livros (coisa que vocês deveriam fazer também) e esperar que o último filme faça jus ao seu antecessor e a esta série divertida e interessante de se acompanhar.

Aquele abraço, perdoem-me o atraso (qual sentido de tentar motivar as pessoas a assistirem o filme depois que ele sai dos cinemas?) e não se esqueçam de rezar pra papai do céu me dar a Jen de presente. Amém!

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

7 Filmes de Apocalipse Reescritos Como Filmes de Pós-Feriado

Ninguém gosta de feriado na quarta-feira. Se alguém gostar está errado. O feriado na quarta-feira é como um final de semana no meio da jornada de trabalho, o que seria bom se não fosse um final de semana em que você dorme no sábado e acorda na segunda-feira. 
Escrevem-se tantas histórias sobre mundos pós-apocalípticos, verdadeiros épicos (às vezes nem tanto) sobre adaptação, sobrevivência e velhas novidades, mas ninguém escreve sobre o caos que é acordar em um mundo pós-feriado e descobrir (ou lembrar) que dois dias inteiros de trabalho ainda estão por ser vividos antes que seu corpo volte ao estado letárgico de descanso e paz de espírito que o final feliz chamado final de semana lhe reserva.
Como não sou nenhum roteirista de cinema, tomei a liberdade de reescrever 7 roteiros consagrados (ou não) para melhor encaixar essa nossa realidade – corrida, dramática, por vezes sofrida e sinuosa, de lágrimas e suor, vitórias e sorrisos, tudo ou nada disso – de proletariado sem feriado prolongado.

#7 – I’m Working Dead (Trabalhando Mesmo Morto, no Brasil)
Sinopse: O chefe de departamento Ricardo Gimenez acorda em seu apartamento na quinta-feira sem lembranças de como foi parar ali após o happy hour de terça-feira ou de como o local ficou tão bagunçado. No trabalho se depara com hordas de olheiras, mau hálito, cabelos despenteados e sonâmbulos tentando fugir da mira impiedosa do patrão durante o expediente.

#6 – Val-E

Sinopse: Após diversão inconsequente e sem limites no feriado de um dia, grupo de trabalhadores acaba com os recursos financeiros do grupo e cabe ao pequeno valente Roberval amolecer o coração do chefe e conseguir o famigerado adiantamento do mês.

#5 – Eu Vou À Venda

Sinopse: Um dia depois da visita dos parentes do interior acabar com seu estoque de comida, Will Smith tem que sobreviver a uma jornada de trabalho e ainda enfrentar hordas de ônibus e metrôs lotados munidos de sacolas de plástico com compras para garantir sua sobrevivência e de seu cachorro.

#4 – O Dia Útil Depois do Feriado

Sinopse: Dennis Quaid vive o professor do estado que se vê correndo contra o tempo para encontrar seu filho, que voltou da praia direto para o trabalho, antes do expediente, a fim de lhe entregar o cartão de ponto que esqueceu em casa.

#3 – 20:12

Sinopse: O mundo inteiro está desabando porque o chefe descobriu que os relatórios de terça-feira não foram preenchidos corretamente e não existe banco de horas no mundo capaz de restaurar a paz antes que o dia termine.

#2 – O Vendedor do Futuro

Sinopse: Totalmente perdido no escritório, Arnold Schwarzenegger tenta se lembrar de onde deixou seu trabalho na terça-feira, que parece ter sido em outra vida, sem que seu chefe perceba, mas não sabe que este secretamente pediu para Wesley Snipes, no papel de ex-vendedor líder, sabotar seus esforços para ter um bode-expiatório na empresa.

#1 – Paperworld

Sinopse: Nesse universo pós-feriado o mundo como conhecemos não existe mais e Kevin Costner lidera um grupo de funcionários navegando em pilhas sem fim de papel em busca de contato com suas mesas, seus itens pessoais ou seja lá o que for que estava lá antes do trabalho acumular.

Como a vida real é mais assustadora do que qualquer filme, o pesadelo da segunda-feira, tal qual Freddy Krueger e Jason Vorhees, volta na forma de quinta-feira, trazendo consigo todo mau humor e sucessão de pepinos do mundo. Portanto, seja um feliz proprietário do feriado no meio da semana, mas esteja sempre preparado para suas implicações apocalípticas.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Valente Para Sempre e Valente Para Todas

No meu primeiro ano na faculdade, lá em 2008, conheci através do saudoso orkutão dos brother a série de tirinhas Puny Parker, que mostra uma visão do que foi a infância do nosso herói favorito, o Homem-Aranha, de uma forma simpática e centrada em suas experiências como petiz. A primeira historinha, onde o pequeno Peter vê o grande amor de sua vida pela primeira vez, já me conquistou e me manteve acompanhando as postagens religiosamente. Isto é, até que as “responsabilidades” dos últimos anos da vida universitária me fizeram esquecer completamente do blog onde eram publicadas.
Muita coisa aconteceu na minha vida de lá pra cá. E muito mais coisa aconteceu na vida do também mineiro Vitor Cafaggi antes que suas obras cruzassem novamente meu caminho. Para se ter uma ideia, o cara passou a escrever tirinhas para o jornal O Globo, lançou uma publicação independente, ganhou vários prêmios na área de quadrinhos, reinventou outro de meus personagens favoritos – o Chico Bento – em um especial da Maurício de Sousa Produções e, em parceria com sua irmã Lu Cafaggi, foi convidado para escrever e desenhar uma aventura da Turma da Mônica sob sua ótica, resultando na totalmente excelente Laços.

Pensando bem, nem tanto aconteceu na minha vida assim...

Enfim, Laços me fez procurar novamente pelos seus trabalhos, descobrir Valente e me apaixonar pelas aventuras não tão extraordinárias do personagem título.

Crítica:
Valente Para Sempre e Valente Para Todas
Quando disse que suas aventuras não eram tão extraordinárias não me referia à qualidade, mas sim à maestria com que histórias tão comuns na vida de nós seres humanos são retratadas em cada sequência de quadrinhos. Valente conta a história de um simpático cãozinho em idade colegial com o qual todo menino e toda menina podem se identificar.
Quem nunca?
A trama se inicia no mesmo ponto onde Puny Parker começa, com uma paixão à primeira vista. E vai muito além! No primeiro volume, Valente Para Sempre, é introduzida toda a turma enquanto as desventuras amorosas do personagem principal e sua paixão platônica, a Dama, se desenrolam. Acompanhamos todos os pontos do romance por diversos ângulos diferentes e isso dá uma sensação de pertencimento muito grande ao universo da publicação. Cada dia que se passa dentro da história nos traz mais para perto do Valente e aumenta a vontade de tentar, de alguma forma, se fazer presente para ser mais um ombro e ouvido amigo.
Isso tudo é possível, pois, como diz a própria sinopse, Valente não é a típica história de amor que vemos nos filmes, novelas e seriados, mas sim uma história de como todas as pessoas que passam em nossas vidas influenciam em quem somos e quem seremos. O cãozinho Valente é, acima de tudo, humano e passa pelas mesmas experiências que cada um de nós (ou aquele nosso amigo apaixonado) já passou ou passará quando se trata do maior mistério do universo: o amor.
Aposto que o menino da escola não tem cabelo comprido.
No segundo volume, Valente Para Todas, conhecemos um pouco mais das individualidades e passado dos personagens, bem como acompanhamos um dilema ainda maior, quando Valente de repente se encontra como a pedra fundamental (Adoro usar essa metáfora, me deixem!) de um triângulo amoroso. Após travar diversas batalhas com seu coração, Valente sai vitorioso e fica feliz. Mas não por muito tempo, já que a história termina com uma grande interrogação, deixando a certeza que vem muito mais por aí.
Usando de um roteiro pautado em sensibilidade e recheado de referências divertidas, Valente tem aquele gostinho saudoso de infância que, misturado com o tom de descoberta da maturidade e sua já demonstrada capacidade de reinvenção, põe a obra de Vítor Cafaggi lado a lado com a de grandes cartunistas de tirinhas, como Bill Watterson, Dik Browne e Jim Davis.
"ADRIAN!!!"
Não me estendi muito detalhando a trama por dois motivos: ela é disponibilizada gratuitamente no blog do Vitor para quem quiser ler e na versão impressa, para quem quiser comprar, por um preço muito acessível. Eu aguardei o fim do segundo livro no blog para comprar as versões impressas, que se diferem por não serem coloridas, para ler tudo de uma vez só. E foi o que aconteceu: em uma tarde li os dois volumes e já aguardo ansiosamente o terceiro. Que venha Valente Por Opção!

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Sobre Jogos Vorazes - Parte 1


Uma estratégia sempre presente em qualquer mercado é a de aproveitar o sucesso de produto x e então criar alguns vários produtos y que sigam o mesmo padrão para garantir uma grana certa.

Outra um pouco menos nobre é a de, maliciosamente, propagandear um produto baseado na fama de outro, tentando atrair os mesmos compradores, quando na realidade o produto propagandeado não tem realmente muita relação com o outro com a qual está sendo comparado.

Confuso? Ok, eu devia ter ido direto ao ponto.

.

Pronto.

Sacaram? Sou um grande piadista, não? Hein?

Mas então, eu falava sobre propagandas. Certa vez, ainda em época do estouro de Crepúsculo, vi em uma livraria uma mesa com diversos livros desta série, acompanhados de... André Vianco. Pois é, obras como Os Sete e Sétimo estavam lá, fazendo companhia ao topete de Edward.

Tá, ambas as obras são sobre vampiros. Até certo ponto é válido. Mas se 95% dos que compraram alguma obra do Vianco por estar ao lado de Crepúsculo não se surpreenderam com o que encontraram, eu mudo meu nome pra Bella. Não resta dúvidas de que, se está sendo colocado lado a lado de Crepúsculo – uma história de amor entre o ser vampiro e o ser humano – a mensagem que isto passa é “venham, venham, leitores de Crepúsculo; conheçam esta outra obra vampiresca! Se gostaram dos livros da Meyer, certamente apreciarão os do Vianco!”.

Não que seja impossível gostar de ambos, mas creio que entenderam meu ponto.

“Entendi que você é um preconceituoso de bosta, Bruno. E daí?”

E daí que este tipo de propaganda acabou me pegando também. Felizmente – pensava eu - da forma inversa, fazendo com que eu me afastasse de uma obra por crer que ela tivesse alguma semelhança com Crepúsculo.

Se vale a pena deixar um adendo, digo somente que nada tenho diretamente contra Crepúsculo, somente não é meu tipo de leitura, certamente.

Prosseguindo, assim que houve o estouro de Jogos Vorazes, eu fui acometido de diversos preconceitos contra a obra baseados no que a internet me garantia de informações. De um lado eu via as adolescentes citarem o tal filme e dele somente exaltarem a beleza de Gale e Peeta, e de como Katniss tinha de se decidir entre um dos dois; de outro, o tumblr me sufocava com a adoração do fandom às incríveis habilidades com arco e flecha da dita protagonista. Até mesmo os profissionais *pausa para risadas* alardearam Jogos Vorazes como “o novo Crepúsculo”. Então peguei-me, erroneamente, julgando Jogos Vorazes como uma obra de fantasia sobre uma arqueira infalível que se via entre a decisão por dois galãs sem sal, açúcar ou qualquer tempero.

E no fim descobri que a obra na verdade é tudo que há de bom.


...


Ok, essa foi a pior aplicação de referência que já fiz na vida. De tão ruim, é possível que nem notem. Mas a deixemos aí de recordação. Talvez a vergonha evite que eu repita tal atrocidade.

 

Afinal, sobre Jogos Vorazes.
A verdade é que Jogos Vorazes é um ótimo livro. Collins consegue com maestria se aproveitar da limitação de um livro voltado ao público jovem para torná-lo simples e extremamente eficaz, ou seja, interessante, empolgante, emocionante e, porque não, crítico.

Katniss, longe de ser uma protagonista superficial ou simples, narra todo o livro, o que garante uma visão interessante dos acontecimentos e fornece uma saída prática para a autora na hora de mexer com as intenções dos coadjuvantes, nos deixando somente a par do que Katniss vê e interpreta. Dessa forma, o livro pouco se foca em lutas e ação, apesar dos Jogos, sendo muito mais a jornada da garota em busca de sobrevivência. A quantidade de ação presente no livro é perfeitamente medida para equilibrar-se com as outras partes, da sobrevivência na floresta e do desenvolvimento da protagonista.

A Katniss por sua vez é complexa mas interessante, o que garante a vontade de acompanhá-la até descobrirmos onde ela chegará, física e mentalmente. É clara sua evolução no decorrer da obra, a cada situação drástica que ela supera; e ao fim do livro, ainda temos uma adolescente sendo moldada por tudo que passou, pelo que ainda está passando e ela não sabe como lidar, e a expectativa e medo do que acontecerá no futuro breve. O livro realmente lhe faz sentir que se viu somente uma pontinha de tudo que Katniss tem para oferecer e evoluir como personagem, fazendo com que a vontade de ler os próximos livros aumente desesperadoramente.

Ainda que sofra aqui e ali de seus defeitos e, como eu gostaria de chamar, desnecessariedades, o saldo final é extremamente positivo, avaliando sua intenção e público-alvo.

Creio ser extremamente difícil que haja alguém que ainda não conhece a obra ao menos por sua adaptação para o cinema. Esquivei-me de tratar da trama muito mais por não achar necessário do quê pra evitar spoilers. A intenção do texto é demonstrar o quanto acho Jogos Vorazes legal, e talvez incentivar outros que tinham o mesmo preconceito que eu a lê-lo.

Agora resta ler o próximo livro, assistir ao próximo filme, e torcer para que o foco na distopia e crítica à sociedade – que suponho seja a temática maior das sequências – seja bem apresentado e desenvolvido, já que na primeira parte deixou a desejar.

Até lá, eu me ofereço como tributo à Jennifer Lawrence.

ME USA, JENN.